Poemas/Poesias

Turma  do  5º ano  em "Roda de Leitura: uma inspiração ao hábito da leitura" 
TNT Confeccionado através da parceria de mães para "Roda de Leitura".
            A  turma escolhe o que vai ler, em roda de leitura.
                                                      Crédito: Profª Paloma.

Projeto de Arte e Produção Escrita em Rede! 
Produção em artes e desenho em rede. Alunas do 2º ano, mostram seus talentos em desenhos e pinturas, Professora  Jusceli. 


 
Alunos do 4º Ano Participam do Projeto  Produção em Rede, sob Orient. Profº Rijânio


                               Bandeira de Marabá

            Orla de Marabá- Atração-Turistica
                                         Vista de Noite Rio Tocantins              
                                                  
                            POEMA  DE MARABÁ
                            MARABÁ (GONÇALVES DIAS)

Eu vivo sozinha, ninguém me procura!
Acaso feitura
Não sou de Tupá!
Se algum dentre os homens de mim não se esconde:
— "Tu és", me responde,
"Tu és Marabá!"
— Meus olhos são garços, são cor das safiras,
— Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;
— Imitam as nuvens de um céu anilado,
— As cores imitam das vagas do mar!

Se algum dos guerreiros não foge a meus passos:
"Teus olhos são garços",
Responde anojado, "mas és Marabá:
"Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,
"Uns olhos fulgentes,
"Bem pretos, retintos, não cor d'anajá!"
— É alvo meu rosto da alvura dos lírios,
— Da cor das areias batidas do mar;
— As aves mais brancas, as conchas mais puras
— Não têm mais alvura, não têm mais brilhar.
Se ainda me escuta meus agros delírios:
— "És alva de lírios",
Sorrindo responde, "mas és Marabá:
"Quero antes um rosto de jambo corado,
"Um rosto crestado
"Do sol do deserto, não flor de cajá."
— Meu colo de leve se encurva engraçado,
— Como hástea pendente do cáctus em flor;
— Mimosa, indolente, resvalo no prado,
— Como um soluçado suspiro de amor! 
"Eu amo a estatura flexível, ligeira,
Qual duma palmeira",
Então me respondem; "tu és Marabá:
"Quero antes o colo da ema orgulhosa,
Que pisa vaidosa,
"Que as flóreas campinas governa, onde está."
— Meus loiros cabelos em ondas se anelam,
— O oiro mais puro não tem seu fulgor;
— As brisas nos bosques de os ver se enamoram
— De os ver tão formosos como um beija-flor!
Mas eles respondem: "Teus longos cabelos,
"São loiros, são belos,
"Mas são anelados; tu és Marabá:
"Quero antes cabelos, bem lisos, corridos,
"Cabelos compridos,
"Não cor d'oiro fino, nem cor d'anajá,"
————
E as doces palavras que eu tinha cá dentro
A quem nas direi?
O ramo d'acácia na fronte de um homem
Jamais cingirei:
Jamais um guerreiro da minha arazóia
Me desprenderá:
Eu vivo sozinha, chorando mesquinha,
Que sou Marabá!
1-    O autor
Gonçalves Dias (1823-1864) foi poeta e teatrólogo brasileiro. É lembrado como o grande poeta indianista da geração romântica. Deu romantismo ao tema índio e uma feição nacional à sua literatura. É lembrado como um dos melhores poetas líricos da literatura brasileira. Gonçalves Dias nasceu nos arredores de Caxias, no Maranhão, no dia 10 de Agosto de 1823. Filho de um comerciante português e uma mestiça. Escreveu o famoso poema "Canção do Exílio", onde expressa o sentimento da solidão e do exílio. Em 1862, Antônio Gonçalves Dias vai à Europa para tratamento de saúde. Sem resultados embarca de volta no dia 10 de Setembro de 1864. No dia 3 de Novembro o navio francês Ville de Boulogne em que estava, na costa do Maranhão, onde o poeta falece.
2- O poema
Gonçalves dias escreveu um poema de nome Marabá que relata a luta de uma donzela mestiça para ser aceita e amada pela tribo. Publicado no livro Últimos Cantos (1851) durante o período Romântico, Esse poema tem 11 estrofes e 54 versos, sendo eles 6 quartetos e 5 sextetos. A leitura em voz alta dos versos ecoa feito um tambor. Percebe-se claramente neste poema marcas românticas tal como a figura do índio, mas não um índio qualquer, uma índia Marabá, ou seja, uma índia mestiça que representa melhor o povo brasileiro e a cor-local. Assim, por meio desse poema americano/ indianista, podemos observar as várias dobraduras de viés nacionalista, como também as variadas formas de brasilidade que compõem a nossa identidade, que de um lado é negada a favor de uma unidade, como em Marabá e, do outro, é confirmada a diferença, a alteridade, como pode ser visto em outros poemas de Gonçalves Dias.
3-A origem do nome Marabá
A palavra Marabá é de origem indígena, da tribo tupi- guarani. Essa palavra era usada pelos índios daquela tribo para indicar as pessoas no caso indesejável na sua cultura. Para eles quando uma criança nascia com deficiência física ou os gêmeos, no caso o que nascia por último poderia trazer tanto benefícios como malefícios, mas como eles temiam  desgraças para a tribo, preferia sacrificar a criança. A palavra marabá era usada também para indicar as pessoas nascidas das misturas de índios com brancos, mestiço. Essas pessoas eram descriminadas pela tribo, pois eles  julgavam imperfeitos para a cultura indígena.
4- Descrição da personagem principal do poema:
· Índia (mestiça) em oposição a índia verdadeiramente brasileira;
· bonita,  mas Marabá se dá conta que a sua beleza é desprestigiada naquele meio social;
· Olhos garços (verdes);
· Solitária:
· Pele alva ( da cor dos lírios);
· Cabelos loiros:
· Cabelos longos e anelados:
· Desiludida(por sofre discriminação).
5- Palavras de origem indígenas no poema:
·      Cajá : substantivo masculino; fruto da cajazeira; Origem: ETIM tupi aka'ya que, significa 'fruto de caroço cheio, fruto que é todo caroço;
·      Anajá: substantivo de dois gêneros; palmeira de até 20m, nativa do Brasil possui  frutos com polpa suculenta, comestível, e amêndoa de que se extrai óleo amarelo, também comestível; Origem: ETIM tupi ina'ya ;
·      Tupã:  substantivo masculino;  na mitologia dos indígenas de língua tupi, o trovão, cultuado como divindade suprema; Origem; ETIM tupi tu'pã ou tu'pana 'gênio do trovão ou do rio' tupá;
·      Marabá: substantivo de dois gêneros; filho de branco com ídio; Mameluco; Origem; ETIM tupi-guarani.
6- Glossário:
agros: melancólicos
anajá: tipo de palmeira do Maranhão
anojado: aborrecido
arasóia: saiote usado por índios no ritual do matrimônio
Enamoraram: apaixonaram
crestado: moreno
feitura: criatura
garços: verde azulados
jambo: fruto corado do jambeiro.
Marabá: em Tupi, mestiço de europeu com índio.
mesquinha: infeliz.
Tupá: Deus, o Todo Poderoso.
7- Posicionamentos crítico sobre o poema
Gonçalves Dias, foi mestiço e sofreu muito por isso, sua origem mestiça lhe causou grandes desilusões na sua vida impedindo-o até de se casar com seu grande amor (Ana Amélia). A frustração experimentada por essa índia também é a mesma frustração experimentada pelo próprio poeta que é impedido do amor verdadeiro por sua origem mestiça. Marabá representa essa mistura que somos todos nós (o povo brasileiro), ela representa um pouco de cada povo, de cada cultura formadores da nação brasileira. Ela não se aceita, rejeitando a si mesma, se sentindo inferior. E quantas vezes já não o fizemos isso também por causa da nossa cor? O Brasil é Marabá, portanto nós também somos. Somos todos iguais mesmo sendo tão diferentes.

Profª Francisca Lucilene Santos da Silva






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